sexta-feira, 5 de junho de 2009

Além do óbvio

Contrariando o senso comum, a elegância é não simplesmente saber compor o visual ou escolher um tom de tinta para o cabelo que realce a pele e os olhos. Elegância está, antes de mais nada, na atitude. Muitas vezes é simples e até agradável ser elegante.É bom mandar flores, cartões emocionados, presentear quem amamos...Outras vezes, ser elegante demanda um esforço maior. Admito que não gosto de perder e que essa sensação causa, sim, um desconforto.Portanto, tento perder com elegância, mas internamente sofro – sinto o peso do orgulho ferido, a ameaça devastadora do “atestado de incapacidade” e a amargura da rejeição.
E se os efeitos são fortes no campo prático da vida, onde reinam as negociações (feitas do perde – ganha mesmo!), a dor é mais intensa entre assuntos mais sentimentais e menos objetivos.Natural – a medicina criou remédios que curam doenças mas não podemos remediar os sentimentos – às vezes, mais perenes que uma simples dor de dente.
Atribuo boa parte das perdas à pressa. “Apressado come cru”, já diz o ditado. Somos todos movidos por um sentimento coletivo de pressa e ansiedade, que nos leva à valorização de tudo que é óbvio.O óbvio viabiliza as escolhas, agiliza a tomada de decisões, mas mascara a essência de tudo. Essa última é reservada aos pacientes. O paciente vai além da casca porque desmascara e degusta o néctar das pessoas e das coisas.
Entre desapontamentos e desencontros, lembro que na impaciência do mundo há quem se lance à ousadia e recorra à curiosidade para driblar o óbvio e descobrir o encanto que ferve no mistério.

3 comentários:

Sandra disse...

Adorei o post Raquel, parabéns!!!! Este final de semana falamos de vc, eu e Rosi. Como sempre só saiu coisa boa, vc é muito especial. Beijossss e boa sorte sempre!!!!!

Fabio Machado disse...

Sensacional, Raquel ! Agora eu fiquei na dúvida se esse não é o seu melhor post ! rs
Eu, pelo menos, sou extremamente paciente. Curto o desenrolar das "coisas", sejam elas quais forem.
Muito além do óbvio eu valorizo algo que chamo de "share of mind", que é o quanto algo ou alguém está presente na minha mente consciente.

Beijos,
Fabio.

Raquel Med Andrade disse...

Que bom que vocês se identificaram!Sandra, obrigada pelo carinho de sempre pelas e belas palavras. Vocês também são muito queridas!
Fabio, como você,também me pauto muito pelo o quanto alguém ou alguma coisa ocupa meus pensamentos. Geralmente passo a considerar esse "índice" como uma forma de ouvir meu próprio coração. Ah, o inconsciente também me dá recados através dos sonhos.
Beijos para vocês dois