sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Roupa curta ou civilidade encolhida?

A sociedade brasileira é machista e conservadora e, nesses tempos, essa idéia quase se perde, na suposta modernidade que até os mais caretas dizem ter. Infelizmente, isso é balela. Vide o caso chocante da moça que, por usar roupa curta, foi publicamente humilhada em uma universidade (logo onde...?!), em São Bernardo do Campo – SP.
No lugar onde o respeito e a tolerância deveriam ser multiplicados, jovens – homens e até mesmo mulheres, se viram no direito “legítimo” de desrespeitar a moça por motivos tão subjetivos...Independente do tamanho da roupa, etnia, credo, sexo, orientação sexual, origem e qualquer outra coisa, nada justifica humilhação e exposição ao ridículo! E, de mais a mais, pessoas que freqüentam uma universidade, já têm condições sócio – culturais para se livrar de preconceitos tão pequenos. Se isso é difícil, deveriam entender que o respeito mútuo é a primeira condição para o convívio em sociedade. No entanto, em pleno ano de 2009, sou obrigada a ver jornais estampando uma manchete tão ou até mais lamentável que assassinatos e mortes em grandes cidades...
Desse episódio, o que mais me choca é o machismo das mulheres que se aliaram aos homens para humilhar e segregar a moça que usava roupa curta. Como podem ser tão primárias – faltam a essas mulheres urbanidade, civilidade, compaixão e até corporativismo! E, como machistas que são, já deveriam ter aprendido com os homens, pelo menos a última dessas “virtudes” (o corporativismo).
Diante dessa aberração, só torço para que essas mulheres machistas nunca tenham de educar uma criança...Lamentável!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

“You have to seduce me!”

Hoje é dia de São Judas Tadeu. O padroeiro das causas difíceis e dos desesperados, bem que poderia ajudar as mulheres da minha geração a lidar com os homens de trinta, com mais facilidade...Afinal, ouço mil depoimentos de amigas que, como eu, se desesperam com o comportamento masculino. A queixa mais comum vai para a falta de sensibilidade, gentileza e pouco traquejo dos meninos. Parece que grande parcela deles ainda insiste em negociar ao invés de seduzir.E esse é um erro fatal quando o assunto é relação homem X mulher.
Ninguém, em sã consciência, vai se atirar nos braços de um homem porque foi convencida a isso. A motivação para amar e fazer sexo é e sempre será o desejo. E isso, meninos, é fruto da conquista – exclusivamente.
Conquistar é difícil? Poder ser, mas impossível mesmo é ter orgasmos através da equivocada “negociação amorosa”. Independe do tempo e da energia que vocês invistam nisso, saibam que o processo de conquista pode ser delicioso. E, de certo, é um dos melhores jogos eróticos que a humanidade já inventou!
Uma mulher seduzida é capaz de tudo!Woody Allen, sabe disso com poucos e ilustrou uma das passagens do filme “Vicky, Cristina, Barcelona” corroborando essa tese. Nesse trecho, a personagem vivida por Scarlet Johanson dizia ao galante Javier Baden: “Você tem que me seduzir!”, como resposta às muitas investidas do moço.
Enfim, nas telonas e na vida, tudo é mais simples e gostoso quando embalado pela sedução.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Andorinha só, faz verão!

Recente estudo realizado pela Universidade de Michigan, constata que a ação individual contra o aquecimento global é muito mais eficaz que imanávamos. Pequenos cuidados domésticos e mesmo com nossos carros, podem sim causar uma redução significativa da quantidade de CO2 que emitimos e uma conseqüente queda da poluição. Regular o ar condicionado, optar por secar as roupas através do velho varal, não deixar aparelhos ligados no modo stand by, calibrar os pneus dos carros, oferecer carona, entre outras medidas, formam um conjunto de hábitos simples, mas capazes de reduzir a emissão de gás carbônico em até 20% em um ano, tomando como referência os EUA.
No país mais poluidor do mundo, os Estados Unidos, a redução implica em uma queda de mais de 7% no estrago ambiental, se considerarmos o período de dez anos.
Como se vê, quando o assunto é meio ambiente, uma andorinha só, faz verão. E um mundo educado e mobilizado, salva o planeta. A tarefa pode não ser tão simples, mas é perfeitamente possível assegurar um mundo habitável para as próximas gerações. O segredo é não abrir mão desse patrulhamento diário e, mais ainda, multiplicar isso em seu ciclo de convivência de todas as formas possíveis – educar as crianças, os amigos, os colegas de trabalho, a família, além de pressionar os governos para que criem políticas públicas capazes de potencializar nosso esforço individual. Pois, chegamos em um estágio que a postura ecologicamente correta passou a ser nossa condição de existência nesse planeta.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A CARTA QUE EU NUNCA QUERIA TER ESCRITO

Há 9 anos, Evandro João Silva entrou no AffroReggae como professor de informática
Há 7 anos, virou coordenador do núcleo de Parada de Lucas.
Há 4 anos, Evandro criou uma oficina de música clássica em Parada de Lucas.
Há 8 meses, iniciou um projeto social no sistema prisional carioca.
Há 7 meses, discutimos dezenas de novos projetos.
Há 10 dias, Evandro me deu um abraço e me disse "até amanhã".
Há 9, virou um mártir.
Desde então, nosso único alento é que mártir não morre. Vira inspiração, transforma indignação em força.
Força para que continuemos a nossa guerra.
Uma guerra da qual ele, ogulhosa e intensamente, fazia parte.
Uma guerra em que lutaremos sempre.

Mas sempre torcendo para que um dia ela acabe.

*Essa carta foi escrita por José Junior - Coordenador Executivo do AffroReggae e faz parte de um informe publicitário, publicado hoje nos jornais de grande circulação

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Indignação

Os cariocas iniciaram a semana digerindo as mortes causadas por várias formas de violência urbana. Falei especialmente sobre uma deles aqui no “Bate e rebate” e, honestamente, não queria bater nessa tecla tão cedo. Deixei os dias passarem e já havia preparado um post bem mais simpático para publicar hoje. Impossível. Ontem, antes de deitar, acompanhei perplexa as cenas que mostravam a “surpreendente” ação dos policiais em relação ao assalto e assassinato de Evandro João Silva, coordenador do Afro Reggae.
Vídeos de segurança mostravam que dois policiais se ocuparam em “roubar” a jaqueta e o par de tênis que os assaltantes haviam tomado de Evandro, enquanto a vítima agonizava até a morte, bem ao lado...
Responsáveis por resguardar nossa segurança, foram mais cruéis que os próprios assaltantes, que por sinal, nem foram detidos...
Por enquanto, os dois policiais são “defendidos” pela Polícia Militar. através de um Major entrevistado pela Globo News, diz se tratar apenas de um suposto “desvio de conduta”.
A instituição, já comprometida por escorregadas freqüentes, deveria se fazer respeitar, condenando e punindo sua banda podre. Assim, não dá para confiar na Polícia Militar, nem muito menos valorizá-la.
Esse episódio já cheira a pizza!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vencidos


O último fim de semana carioca justificou a vocação que a cidade tem para movimentar o noticiário policial. Entre mortos e feridos, é injusto destacar a maior perda, afinal, foram-se dezenove vidas. Cada uma delas com lastro, história, família, missão e amores. Tudo bruscamente interrompido pelo caos social em que mergulhamos, desde os tempos em que a elite optou por “esquecer” da existência dos pobres. Agora, todos –miseráveis, pobres, remediados e ricos – colhemos os frutos dessa omissão: a violência urbana.
Entre policiais em serviços, criminosos e inocentes, me chamou a atenção, especialmente, o assassinato do coordenador da ONG AfroReggae, Evandro João Silva. Militante das causas sociais, há nove anos, através da instituição, Evandro era um sobrevivente das guerras do tráfico, mediador de conflitos, que conseguiu trilhar um caminho pessoal digno e honroso, mas não escapou do “golpe menor”, de um assalto estúpido,que lhe tirou a vida.
Diante da explosão sangrenta de sábado, quando marginais derrubaram um helicóptero da polícia e detonaram uma onda de violência e pânico por vários bairros da cidade, Evandro sentiu-se acuado e não atravessou a cidade para jantar com familiares. Ironicamente, foi morto perto de casa.
O episódio encerra a vida de um futuro pedagogo e mais ainda a luta de um jovem consciente e engajado. É finda a trajetória de alguém que optou pela negociação pacífica, pela edificação social através da arte e da educação. Por isso, a morte de Evandro –entre todas – é simbólica e deve ser lembrada com marco entre tantas baixas de uma guerra urbana, que já rende bem uns trinta anos...
O sentimento carioca pode ser traduzido pela dor do menino que estampa a capa do jornal “O Globo” de hoje. O garoto, atendido pela ONG, chora enquanto toca violino durante a homenagem póstuma ao coordenador do grupo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

No dia do mestre, educação em cheque

Hoje é dia do mestre e a educação brasileira, sucateada, parece ter poucos motivos para comemorar. Nem é preciso enumerar estatísticas para entender o cenário desolador do ensino no país. Por todo canto e, sobretudo, no mercado, o que se vê são profissionais deficientes em todos os aspectos. No setor de serviços, então, a coisa é crítica. Além de trabalharem mal, falta também cortesia e urbanidade aos funcionários. Tanta carência denuncia uma crise maior,que é a social, mas também o tipo de formação oferecida pela rede pública de ensino.
As mazelas são muitas: escolas mal aparelhadas, professores mal treinados, mal qualificados, além dos tantos descompromissados com o propósito maior do ofício que escolheram, que é o da transformação social, por meio da educação....
De qualquer forma, por mais que tudo isso seja revisto e reparado, persistiria ainda o maior dos problemas: uma sociedade estabelecida de forma precária, constituída por cada vez mais famílias mal estruturadas, de filhos não planejados. Enfim, coisa difícil de contornar...
Diante disso, a opção mais cômoda é a lembrança nostálgica dos relatos de professores do ensino fundamental de 30, 25 anos atrás. “As turmas eram formadas por alunos cujos pais e famílias participavam do processo educacional, estimulavam o aprendizado e viam a educação como o único passaporte digno para a mobilidade social”, comenta uma professora da rede estadual e municipal, que há mais de trinta anos dedica a vida a essa missão quase impossível que de educar.
É isso aí, enquanto não pudermos contar com um político menos vaidoso e mais consciente, a coisa só vai desandar. Afinal, quando o assunto é educação, os bons frutos só aparecem trinta anos depois, tempo suficiente para o “autor do investimento” estar fora da cena política ou mesmo morto...E isso é quase altruísta considerando a vaidade da natureza humana. Daí é fácil entender porque um Cristovão Buarque da vida nunca terá o espaço que merece no poder...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O sagrado e o profano

No último feriado fui surpreendida por várias ofertas de evangélicos enquanto caminhava na praia. Explico: alguns fiés de várias vertentes diferentes (entre evangélicos) me abordaram na tentativa de me converter para suas respectivas religiões.
Chateações à parte, fica a questão: por que, justo eu - cidadã ordeira - tenho sido repetitivamente convidada a "aceitar Jesus"?
Das duas uma: os evangélicos têm um esquema forte de "prospecção" ou meu semblante tem indicado sinais de uma vida pagã....rsrsrssr.
Fala sério!Ninguém precisa, necessariamente, pertencer a religião alguma para "aceitar Jesus" nem tampouco respeitar o próximo e agir de forma consciente e em prol do bem comum. E, nessa terra de Macedo e suas infinitas falcatruas, fico com minha conduta
laica, mas honesta.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Torcida globalizada?

Agorinha recebi um e-mail da amiga Flavia Werlang, que me indicava um vídeo. As imagens mostram uma torcida sueca cantando uma conhecida melodia carioca. Resultado da globalização, da onipresença de brasileiros (super espalhados pelo globo) ou mera semelhança entre gritos de torcida - em todo o planeta marcados pela virilidade dos meninos?
Vai saber...o fato é que ri um bocado e automaticamente minha memória me lembrou da letra que cansei de ouvir em partidas de futebol ou entre tantos funk's tocados a exaustão em todos os lugares.
Confiram e opinem:

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

“Bate e rebate” em Moscou

Tudo bem que o Brasil é um país – continente e nessa terra tropical muita coisa acontece. Independente de nossas inúmeras polêmicas, faz bem abrir as janelas para ver o mundo. Por isso, nessa segunda – feira, 05 de outubro de 2009, inauguro o início de um intercâmbio delicioso e enriquecido pelas impressões do cotidiano Russo, registradas pelo correspondente Leonardo Silva. Durante uma boa temporada você vai curtir, aqui no “Bate e rebate” retalhos da vida em Moscou. Em seu texto inaugural, o Léo descreve a dinâmica urbana dessa capital distante. Confira!

A sublime sutileza de uma paulada na cabeça
Uma reflexão sobre a reentrada na atmosfera sob o céu russo

Leonardo Lopes da Silva - Moscou

A visão da metrópole russa vista do alto de onde cai prometia muito. Vindo de um asséptico repouso alemão, onde toda e qualquer organização nunca e suficiente, a próxima expectativa eu lancei bem alto, e na estratosfera esperava ter um vislumbre de um mundo que guarda consigo a memória de tempos gloriosos e o orgulho de deter os superlativos - maior do mundo; mais ricas reservas de petróleo; maior exercito etc;

A queda foi bem forte e a primeira dor que senti foi a do pleno abandono do ser a correria da vida moscovita. Taxistas por todos os cantos, praticamente te seqüestrando para o lugar que você deseja (ou não) ir. Hordas de viajantes carregando 5 carruagens de malas cada e sua quota de whiskey comprado com o suor do rosto no paraíso europeu a horas de distancia. E as pessoas... ausentes ... rostos ausentes de reconhecimento do Outro.
Andam. Correm. Saltitam. Bebem. Fumam. Baforam. Pigarream. Gritam. Anunciam...

o individuo.

A segunda dor e a do descompasso. As horas russas estão sempre mais atrasadas que as brasileiras, que estão sempre mais atrasadas que as inglesas. Espera aturdida, revoltada por alguém, por algum resultado, por uma atitude, por uma palavra e resposta. Que sempre e atrasada, apesar de nos encontrarmos sempre a frente. O que fazer quando estamos fazendo compras num mercadinho? Pega-se um item e paga-se. Depois, mais um item e paga-se. Mais um item e paga-se. O que fazer quando alguém quer pagar uma conta no cartão de credito que tem chip e exige senha eletrônica? Espera-se que o garçom vá ate o caixa e passe o cartão para descobrir que não consegue completar a transação sem a obvia senha do cliente, e retornar para dizer que não conseguiu e que precisa que o cliente vá ate o caixa para pagar, quando o cliente já tinha se oferecido para fazer tal coisa logo no inicio. Como proceder quando seu apartamento tem problemas? Ao invés de conversar diretamente com a pessoa responsável face a face e procurar soluções, envie um email para ela do escritório onde você trabalha a andares de distancia dela, e espere por 7 dias úteis por uma resposta.

A ultima dor e a fúria do capital que consome as pessoas, fazendo de todos carcacas silentes e carrancudas dentro de um vagão de metro que os leva, que os leva. Uma sucessão apos outra de ironias - outdoor da Samsung acima da Biblioteka Lenina, a Biblioteca de Lenin; escolas sucateadas e juventude ao vento de todas as modas e últimas tendências do mais do mesmo espiritozinho rebelde comportado dentro um molde do 'eu sou legal porque fumo e bebo e viro noite em danceteria com trance'; trabalhadores sem a mínima cobertura do Estado, cujo sinômino e mínimo - sem seguro desemprego, sem garantias trabalhistas, cavucando migalhas em contratos; uma sustentabilidade insustentável, calcada no consumo de petróleo e gás na veia, descaradamente sem uma única opção alternativa. O escapismo e barato - tabloides pornos, cigarro e cerveja a preços de banana, roupas da Armani custando o salário de um mês.

Ainda assim vejo ainda o belo rosto russo como uma tênue lembrança de nossa teimosia brasileira, de resistir sempre e de desistir nunca. De vestir a melhor roupa que tem para sair do ape soviético sem aquecedor e deixar um homem embasbacado. De falar de idealismo alemão em plena noite de sexta feira e deixar o seu interlocutor admirado. De olhar para as estrelas apos a noite rouca de vodka e encontrar seu destino e aspiração.

De abertura para quem se aproxima, e sinceramente abrir um olhar sorridente de alguém que vê que foi compreendido e quer compreender.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

2016 - Uma questão política!

O Rio de Janeiro terá a honra de ser o palco das olimpíadas de 2016. As conseqüências dessa escolha, que contempla a cidade Maravilhosa, vão além da questão esportiva, para ser, enfim, uma declaração política de aptidão, capacidade e credibilidade da comunidade internacional em relação ao nosso governo e a boa vontade do nosso povo. É claro que a paisagem apaixonante carioca contou, e muito, nessa decisão. Mais também pesou a alma do povo brasileiro empenhada nessa intenção nobre e concorrida. Madri é bela e capaz, mas o Rio de Janeiro é extraordinário e desejoso em relação a essa possibilidade inédita e incrível para toda a América Latina.
Parabéns para as mais de 500 pessoas que trabalharam duro para promover a boa imagem brasileira, parabéns a extraordinária performance do presidente Lula, como o maior relações públicas do país, de que se tem notícias e parabéns, sobretudo, ao coração generoso e bom do povo brasileiro! Esse sentimento, que já é marca da cultura nacional, vai mostrar seu valor e intensidade ao mundo, em poucos anos.
Foi lindo ouvir e me emocionar com o discurso bem costurado e humanizado do presidente brasileiro. Vai ser ainda melhor viver 2016!