quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sobre a aceitação e o perdão

Esperamos do próximo atitude parecida com a nossa. Esse movimento natural é ao mesmo tempo automático e injusto. Automático porque opera até no nível do inconsciente e injusto porque é egoísta e errado pressupor que outro indivíduo vai agir de acordo com valores que, na verdade, são seus e não dele...Então, mesmo que nossas expectativas se apóiem naquilo que o senso comum considera justo e razoável, expectativas, idealizações – por si só – são os erros originais no processo de apodrecimento das relações entre as pessoas.
Ligados no automático, não nos damos conta disso e passamos a vida toda esperando que quem nos cerca aja com respeito, mantenha a ordem para viabilizar a com(vivência), tenha senso de justiça, gratidão e consideração. E assim só conseguimos frustração, irritação, dor e confusão.
Nos frustramos porque o que esperávamos não aconteceu. Nos irritamos porque nossas emoções e “valores” foram desrespeitados. Sofremos porque não sabemos como neutralizar tanta contrariedade. Por fim, projetamos o fato de não conseguirmos lidar com tudo isso para as pessoas – que muita vezes nada têm a ver com a causa dessas questões...Aí pequenos ou grandes problemas do dia a dia se transformam em válvulas de escape por onde extravasamos toda essa carga emocional. Somamos às pequenas frustrações problemas anteriores e mal resolvidos, que muitas vezes tem a ver com situações, de fato, mais sérias...Na sequência, depois de sentir decepção, frustração e irritação, sentimos uma angústia aniquiladora, que parece minar nossas forças por nos deixar um grande sentimento de impotência e desorientação como “presente”.
Assimilado em um nível mais profundo, esse sentimento é vivido à exaustão e algo muito bonito acontece: toda a aflição se transforma em reflexão. As paixões vão pouco a pouco saindo de cena, para dar lugar a faculdades mais racionais e por fim a outra gama de sentimentos – muito mais nobres – como a aceitação do próximo e o perdão. E o mais bacana desse fenômeno é perceber que ele começa com uma premissa muito simples: compreender que o próximo pode ter limitações que o impedem de agir de forma justa, respeitosa, compassiva e por aí vai...Então, por mais legítima que seja a nossa revolta, ela perde o sentido de existir, já que percebemos que os primeiros errados somos nós mesmos, quando esperamos de alguém algo que essa pessoa não pode dar. E dessa clareza conhecemos o perdão, a partir de nós mesmos. A partir do exercício de perdoar a nós mesmos, vemos o quanto é simples perdoar o próximo.
Vivi todo esse processo – do começo ao fim – nessa noite e posso dizer que tive uma insônia das mais úteis e transformadoras. O alívio que se experimenta depois da aceitação e do perdão é algo que nem pode ser descrito de tão grandioso! Porque jogamos fora – de uma só vez – a frustração, a irritação, a dor e os conflitos. Por agora, só consigo resumir tudo isso com um choro que ainda brota dos meus olhos, carregado por uma emoção forte e feliz também. Espero refinar melhor esse turbilhão de descobertas para dividir com vocês.

Beijos

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tudo que há

Além da dor de cabeça,
da meta,
da dívida,
da dúvida,

Há vida
ar
Há luta!

Luta para permanecer
batalha para ser
conflito para estar
sacrifício para amar

Mas há também
sorriso ao chegar
e abraços ao partir

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desarmamento já!

O trabalho me abduziu de tal forma que fiquei sem tempo de postar com a frequencia que gosto. No entanto, os últimos acontecimentos me fizeram refletir um bocado e cá estou eu de volta ao "Bate e rebate". Como já é sabido e sentido por todo o Brasil, vivemos o triste eposódio de ter crianças indefesas assassinadas, em plena escola - lugar onde, em tese, deveriam estar completamente seguras...Então, o absurdo desse crime deve nos ensinar algumas coisas. As lições mais imediatas que consigo vislumbrar, são duas: assimilar que somos todos sobreviventes, para sairmos da posição de vítimas passivas e fragilizadas - que nada podem fazer diante dessa realidade; assumir - com engajamento e urgência - a campanha pelo desarmamento definitivo no Brasil! Afinal, essa chacina deixa mais que claro os estragos que o acesso às armas podem fazer a uma sociedade já comprometida e tão devastada pela violência. Então, cada cidadão precisa se mobilizar em favor do desarmamento! Faça você também sua parte – converse com colegas de trabalho, familiares e amigos – mas não deixe esse assunto morrer como as crianças de Realengo!