segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu preciso aprender a só ser

O Brasil acaba de participar de mais uma edição de um curioso fenômeno de mobilização, em torno de mais um desfecho de novela do horário nobre. Nada recente, essa incrível paixão pelas novelas tem o mérito de conseguir o que nenhuma eleição presidencial, plebiscito ou processo de privatização conseguiu até então: emocionar, fazer refletir e motivar um debate quase filosófico (rsrsrs) entre as pessoas.
Sou impotente demais parar entrar no mérito do quanto isso é prejudicial ou benéfico para a sociedade. Prefiro aproveitar o fim desse fenômeno para também refletir sobre a passagem da trama que mais me impressionou. Entre outros lances, o que realmente ficou do capítulo exibido na sexta – feira e reprisado no sábado foi o “renascimento” do personagem interpretado por Lima Duarte. Idoso e temeroso em relação à própria morte, o homem se impôs uma peregrinação, com a finalidade de se despojar de todo o conforto material, para aprender a viver consigo mesmo e, finalmente, conquistar a paz diante do “fim” iminente.
Você pode se perguntar: qual poderá ser o benefício em viver mendigando cada refeição, numa peregrinação desconfortável rumo ao nada?Até a minha cabeça ocidental
reconhece como agregaria viver essa experiência, porque é evidente que qualquer um que se submeter a isso vai aprender a viver com o essencial. O que, por si só, já é uma tremenda vantagem, muito realçada pelo nosso modo de vida capitalista. Por conseqüência, passa a existir uma tendência natural de dar importância ao que de fato importa – a serenidade, autoconhecimento e a saúde. Desse modo, cria-se também um ambiente para a coerência: o sujeito para a ser dele próprio e a agir pautado apenas pela sua verdade. Nenhum fator externo, nem mesmo ninguém tem o poder de interferir nesse processo.
Acho que eu não seria capaz de renunciar a tudo para me lançar nessa experiência, mais ainda numa fase da vida em que, mal ou bem, todos os valores cultivados ao logo dos anos ficam ainda mais marcados na personalidade. Mas espero que outras experiências menos definitivas e mais leves possam dar conta desse propósito tão nobre e útil. Tomara que dentro de alguns anos eu tenha oportunidade de empreender essa tentativa. Mundão, me aguarde!

Um comentário:

Bitola Humana disse...

Adorei seu texto Raquel!
A cultura Indiana,como também a Chinesa, têm alguns ritos bastante radicais para a nossa cultura moderna, ocidental.
O grande aprendizado para todos é descobrir o verdadeiro valor da vida e de nós mesmos incluindo nosso dia-a-dia, sem abrir mão de nada. É enxergar o dinheiro e tudo que compõe nossa realidade como ferramentas que nos levam à novos patamares de nós mesmos.
E vou parar por aki,rs,esse é um tema que gosto!
Abraço!