quarta-feira, 27 de maio de 2009

Entre duas águas

As horas passavam e com o avanço do tempo, crescia também a necessidade de refletir. Num ato simbólico, fiz uma faxina , como se limpar a casa fosse ordenar minhas idéias por tabela. A movimentação antecipou a fome. Também precisaria tratar do estômago.Para isso, fui ao mercado comprar um ingrediente ou outro que usaria na refeição. No caminho, recorri aos DVD’s – a ficção é uma fuga imediata da própria realidade e, ao mesmo tempo, um visto permanente que nos confere lucidez para ver e pensar na própria vida a partir do paralelo que traçamos entre o real e a fantasia.
Levei para casa “Vicky Cristina Barcelona”, de Wood Allen. Tinha boas referências do filme e recomendações expressas de um amigo zeloso para que conferisse...
Gostei do que vi, mas não me ative aos rótulos sobre o caráter dos personagens. O que me arrebatou foi a violência da verdade e, diante dela, os subterfúgios usados pela maioria das pessoas, como opção de vida. Afinal, a verdade dói ...Por isso, a opção pela honestidade absoluta é honrosa, bonita e só vale para quem tem força e desprendimento emocional suficientes para suportá-la.
O dilema entre ser transparente e ser político (e assim levar a vida de uma forma mais "confortável") é muito bem ilustrado pela canção “Entre dos aguas”, de Paco de Lucia. Além de linda, a música tem a dramaticidade demandada pelos conflitos e bifurcações que os personagens vivenciam.
“Vicky Cristina Barcelona” poderia ser um mosaico de amores e dramas bem ambientado pela cultura catalã mas, na verdade, é uma ode à coragem dos que escolhem viver em consonância com os próprios sentimentos, independente do preço que pagam por isso.
OBS: Você pode ver ou rever algumas versões de trailers aqui do lado : )

Um comentário:

Fabio Machado disse...

Um dos meus grandes dilemas: ser polílico ou transparente ?
Na verdade, a palavra "político" aqui é um grande eufemismo... rs

Raquel, não sei porque, mas esse um dos seus textos que mais gostei. Estranho, né ?

Fica bem !