segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Goró caro...

Operações da lei Seca são cada vez mais comuns em todos os cantos da cidade. Muitas vezes passei ao largo pelas blitzes, mas no último sábado o carro em que estava foi parado e...bingo: o motorista foi multado depois de soprar o bafômetro, que indicou três décimos além da tolerância estabelecida por lei.
Como não dirijo, só pude oferecer minha companhia em solidariedade, enquanto esperava pelo resgate (do carro, inclusive, já que a retenção da carteira de habilitação do motorista multado faz parte da punição).
A propósito da punição, é mais ou menos o seguinte: vai da infração gravíssima, com multa salgada, passando pela suspensão do direito de dirigir por doze meses, podendo ocasionar detenção de seis meses a três anos. Quem é preso pode pagar fiança para sair do chilindró.Convém lembrar que em cantos mais civilizados do mundo como a Europa e EUA, há políticas bem mais rígidas para punir motoristas que insistem em manter a dobradinha álcool e direção.
Mesmo sentindo a regra “cortar a própria carne”, sou só aplausos a essa iniciativa do Governo do Estado e do Detran. Pois já era hora do poder público fazer algo de concreto para fazer valer uma lei elementar como essa.Para os que acham que as penas são pequenas, não vale a pena insistir no erro....Por mais afortunado e tolerante que você seja, há muitas outras vidas em questão quando o assunto é trânsito.
Vamos aos números (por extenso para ficar bem didático...rsrs):
Oito milhões de pessoas se envolvem de alguma forma em colisões e atropelamentos;
Um milhão e meio de pessoas são vítimas de ocorrências trágicas de trânsito;
Quinhentas mil pessoas são feridas;
Cento e quarenta mil pessoas sofrem lesões irreversíveis;
Quarenta e duas mil pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito (10 vezes mais que a guerra do Iraque);
Duas mil e quinhentas pessoas morreram em 2008 no Estado do Rio de Janeiro.

Contra fatos, não há argumentos. Portanto, não insista em dar mil jeitinhos brasileiros para beber quando for dirigir. Deixe o goró como um bônus allcolíco por “bom comportamento” ao chegar em casa na boa, sem sobressaltos, nem prejuízos. Na paz do lar vale tudo, até cowboys ; )

OBS/FOTES: Informações da ONG. Transito amigo, registros da Polícia Rodoviária Federal, Corregedora de estatística do DETRAN.

3 comentários:

Leon disse...

Felizmente, não tivemos até agora a ascensão de nenhuma Cosa Nostra que se beneficiasse dessa repentina e surpreendente tentativa de civilizar o trânsito nativo. Parece que como os reguladores possuem um controle bastante abrangente de todo o processo de vida útil do álcool, (que inclusive não é consumido nas pequenas e insignificantes paradas de rodovias no ermo), nosso crime organizado prefere manter-se em veredas seguras e remuneráveis, como o gás de todo o dia, o gato net e a (in)segurança comunitária.

Beijos e saudades.

Raquel Med Andrade disse...

Bem observado, Leonardo!Como você, também penso que outras "fontes de renda" mobilizam mais o crime organizado e seus seguidores.
Beijos com muitas saudades!!!!

Fabio Machado disse...

Raquel, não posso deixar de fazer uma crítica construtiva sobre esse tema.
Contra fatos não há argumentos, concordo, assim como contra bom marketing não há questionamentos.rs

O novo limite definido pelo CTB não tem precedentes, não sei de nenhum país de 1o mundo que tenha percentuais tão rigorosos. Por que ? Porque lá o objetivo é educar e aqui, arrecadar, seja oficialmente através de multa ou extraoficialmente através de propina. Tenho fortes suspeitas de que não foi feito nenhum estudo toxicológico pra definir os atuais limites. Prefiro nem pesquisar...

Procure ver como são os textos originais das nossas leis de trânsito e como eles são publicados depois. Inicialmente as propostas são abusivas, verdadeiras extorsões. Só depois, alguns com um pouco de juízo vão vetando tais e quais artigos. É uma vergonha !

Em relação à Lei Seca, sou totalmente favorável a ela, mas penso que a versão antiga já era rigorosa o suficiente e o que precisava ser feito é o que estão fazendo agora. Fiscalização !
Qual a diferença ?!? Agora a receita (financeira) é muito maior e vale a pena investir na cobrança de multas. É um ciclo vicioso de lucro, especialmente numa cidade tropical como o Rio de Janeiro e uma legislação que não permite sequer uma dose.

Conheço muitas pessoas, como o meu pai, militar e dono de auto-escola, que são educadíssimos em relação ao consumo de álcool e hoje não saem de casa pra beber um chopp, porque no Brasil só anda de taxi quem é rico e essa classe representa menos de 5% da população. Eu não falo em defesa própria, ganho muito mais do que gasto e posso andar de taxi.

Enfim, considerando que as estatísticas já mostram que o sistema se reequilibrou, ou seja, o número de acidentes causados por abuso de álcool já voltou a aumentar, não entendo que essa seja a melhor estratégia pra mudar o cenário do trânsito brasileiro. O governo poderia subsidiar o uso de taxi, oferecer um transporte público eficiente, punir com trabalho social a primeira vez...
Enfim, não sou administrador público, mas sei que o planejamento estratégico do governo tem que respeitar o nosso ambiente interno, que inclui a análise da cultura, sociedade, economia, política... Infelizmente as premissas usadas pelos nossos governantes são egoístas, elitistas e fomentam a má distribuição de renda, isso pra dizer o mínimo.

Por isso, sou a favor da lei, mas contra a sua letra.

Beijos,
Fabio.

P.S. Estive na sua terra, mas foi com o pessoal do curso.