segunda-feira, 13 de abril de 2009

Paraíso com "prazo de validade"

A promessa de passar um feriado inteiro em Arraial do Cabo, município cujas praias estão entre as 10 mais belas do país, me encheu de entusiasmo. Embora o lugar não fosse de todo novo para mim, seria a primeira vez que eu teria a chance de ficar mais tempo por lá. Então, preparei as retinas para registrar azuis turquesas, verdes esmeraldas e tantas nuances da vegetação que emoldura praias incríveis de areia fina, firme e branca.
De fato, é possível encontrar tudo isso bem ali, há duas horas do Rio de Janeiro, sem cambiar moeda, sem encarar aeroporto, sem ter de “emplorar” por qualquer visto em passaporte, nem muito menos ter de lidar com agentes de imigração de certos países xenofôbicos...
A facilidade e beleza natural do “Paraíso do Mergulho” como a cidade é conhecida, deveriam dar à Arraial os status de “cereja do bolo”para um estado de óbvia vocação turística, como é o caso do Rio de Janeiro.É uma pena, no entanto, que os governos federal, estadual e municipal desperdicem esse potencial...Poderia ser até mais contundente e dizer que a falta de políticas públicas de turismo e urbanismo, para Arraial do Cabo, configuram a ausência do poder público e, por conseqüência, um crime ambiental que, em poucos anos, vai selar a destruição de um paraíso .
A prefeitura da cidade só é vista tarifando o estacionamento de carros, em locais completamente inadequados, por meio do trabalho de pessoas não uniformizadas e sem qualquer identificação oficial. O governo municipal se apressa em garantir recursos de um jeito fácil, mas é indiferente ao turismo predatório praticado em Arraial. Pois, até mesmo as praias mais remotas e de difícil acesso, são ocupadas por restaurantes travestidos de “quiosques” ou “barracas” que funcionam sem obedecer qualquer critério de preservação ecológica. Nas praias do município, o que se vê são restos de alimentos, latinhas de bebidas e toda a espécie de lixo poluindo o mar.
Lembro nitidamente do espetáculo de destruição que presencie na Prainha, uma faixa de areia pequena que se esconde embaixo da encosta do Morro do Pontal do Atalaia e forma uma das praias mais exuberantes de Arraial. Ali, quatro restaurantes improvisados contribuem para a agressão frequente ao meio ambiente. Em uma única tarde vi um volume grande de lixo ser levado para o mar, através da maré alta.
O problema poderia ser evitado através de campanhas educativas e da distribuição de simples sacolas para a coleta de lixo. Acontece, que nem isso é feito...
Sem falar de outras questões que comprometem a projeção, o desenvolvimento e a própria economia do município. Arraial sofre pela falta de um plano urbanístico, tem aspecto baldio e, para completar, já lida com problemas típicos das grandes cidades como assaltos e outras manifestações da miséria e aniquilamento social...
É uma pena que um lugar tão bonito esteja prestes e sucumbir ao abandono.

Nenhum comentário: