sábado, 22 de maio de 2010

Daqui para frente tudo vai ser diferente

O post de hoje encerra a semana de aniversário do "Bate e rebate", com texto de Luciana Ribeiro. O fechamento tinha mesmo de ser assinado por uma mulher, já que a semana foi praticamente um reinado masculino, tecido por quatro textos assinados por representantes do sexo oposto.
As palavras da Lu falam sobre...a despedida, daí ter sido publicado justamente hoje. Data em que se encerra não só essa semana de comemoração, mas também um formato de textos e um tipo de temática bastante explorada nesse blog. Enfim, amigos, é tempo de mudança. É hora de inaugurar um novo modelo de comunicação. Daqui para frente tudo será diferente e o "Bate e rebate" mudará o perfil de seus textos.
Tudo é dinâmico e esse blog não fugiria à regra. Foi dada a largada para um processo de transição que mudará tudo, menos o apreço pela troca que temos através desse espaço. A minha relação com você, leitor, se mantém idêntica.
Enquanto a metamorfose não acontece, aproveite esse registro derradeiro. Beijos a todos!

É isso

Luciana Ribeiro

Queria escrever uma carta pra você. Carta mesmo, com envelope, selo e aqueles pedacinhos da folha pendurados no lado esquerdo, partes do que antes eram os furinhos que prendiam a página ao caderno.
Isso. Apenas partes do que eram. Talvez esse seja o meu real desejo...
A questão não é a carta, mas os pedaços da história que colocarei nas entrelinhas dessa mensagem. Tentativa desesperada. Esperança vã de que você saiba colar tudo no lugar de antes.
Isso. ‘Lugar de antes’, sinônimo de espaço-tempo que não existe mais. Já era...
Mesmo que eu enviasse a tal carta e você compreendesse a mensagem ao ponto de unir os fragmentos que jogamos fora, seria uma história remendada. Não gosto disso. Lembro daqueles bibelôs de porcelana que seus avós remendavam com esmalte incolor para que o jogo não ficasse incompleto. Dá pra ver os remendos de longe.
Isso. Remendos. Longe de mim, compartilhar a vida com alguém apenas para ser parte. Quero ser com...
Pensando bem, melhor esquecer essa carta. Entrelinhas, espaço-tempo, remendos. A leitura nunca foi o seu forte, nem chegou a décima página de “Cem anos de solidão”. Deixa pra lá, talvez se eu fizesse um desenho.
Isso. Um desenho. Nada muito sofisticado. Algo do seu nível para facilitar a compreensão, num guardanapo de botequim como aquele em que você me passou seu telefone quando nos conhecemos...
Eu perdôo a vulgaridade do telefone no guardanapo, as mancadas e o descaso. Mas não concluir a leitura de um ícone da obra de Gabriel Garcia Marquez é inaceitável. Por causa dessa sua incompreensão do que é fantástico não posso te escrever a carta que iria consertar meu mundo e nos levar de volta ao melhor tempo-espaço da minha vida.
Isso. É a vida...
E a partir de agora só me envolvo com aqueles que eu conhecer na biblioteca.

2 comentários:

Lu Ribeiro disse...

Brigadú!!!!

Pitty que Pariu disse...

Lu,

Texto bacana! :D
Não ler Gabriel Garcia Marques é uma falha, quase grave. Mas não vá apelar ao extremo de procurar quem muito leia. Até porque a relação com base "Reichana" termina onde a "Freudiana" começa, ou o contrário.