quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dinheiro não é tudo

Há anos atrás, fiquei curiosa para entender o que significava um tal de exame de acuidade visual. Logo soube que se tratava de uma investigação oftalmológica para atestar se a pessoa é capaz de reconhecer dois pontos muito próximos. Saindo do universo médico, faço uma comparação desse olhar literal em relação ao exercício do entendimento, do olhar que lançamos sobre situações e pessoas, para refletir acerca da repercussão do que publiquei por aqui.
Entre depoimentos positivos, negativos, votos de melhora, apoio real e virtual, dois pontos merecem destaque e análise cuidadosa. Um deles foi constatado por Rodrigo Caixeta - amigo pessoal, colega de profissão e leitor, quando tocou na tocou na ferida dolorosa que cada um de nós carrega: a revolta por pagarmos tantos impostos e não nos sentirmos confiantes para usufruir de direitos garantidos pela Constituição, como o atendimento hospitalar digno, na rede pública; Outro aspecto importante veio da observação da Bel Coronel, colega de turma, colega de profissão e – como eu – outra testemunha de que ficamos submetidos à boa vontade de profissionais que, muitas vezes, trabalham de forma negligente e incompetente – coisa que acontece tanto na rede pública, quanto na rede privada. Números do IBGE dão força à essa realidade engendrada pela desproporção, azar e sorte.
Sobre a questão do repasse de verbas por parte do governo federal, para a saúde pública, o Brasil oferece o equivalente a (dólares) $755,00 por pessoa. Se o número é tímido, fica ainda menor quando comparado ao mesmo investimento, feito em países como a Alemanha, com seus $ 3.250,00 e ainda mais defasado diante dos EUA, que injetam $6.350,00.
O cenário é mais alentador quando olhamos números cheios. O orçamento federal declara que em 2009, serão investidos 59,52 bilhões de reais na saúde pública.
Sobre o fator “sorte”, as postagens anteriores mostram que o que tive foi uma espécie de presente de grego...E, independente de ter plano de saúde médico, hospitalar e odontológico, resolvi driblar a burocracia e os dias que me custariam esperar por, consultas, procedimentos e autorizações para usar – uma única vez na vida – o atendimento público, que também pago de forma indireta, por meio de impostos. E fiz isso, encorajada por lembranças que honram os bons profissionais. Os camaradas que se esmeram – no hospital privado ou no perrengue dos hospitais públicos, para atender sempre com eficiência e dignidade.
Há alguns anos atrás, minha irmã sofreu um acidente no trânsito e, como todos os feridos, foi levada para um hospital público, o Rocha Faria. Posteriormente médicos particulares atestaram que os efeitos daquele atendimento emergencial, feito de primeira, foi decisivo e fundamental para a boa recuperação que ela tivera. Na ocasião, minha irmã contou com os bons serviços de uma buco – maxilo que fazia da tesoura seu alicate... O hospital estadual não disponibilizava essa ferramenta tão básica e, mesmo assim, a especialista fez um trabalho primoroso, provando que dinheiro não é tudo!!!
OBS:Grato pelo bom tratamento que minha irmã recebeu e conduído pela precariedade das condições de trabalho daquela dentista, meu pai comprou um alicate odontológico e entregou para a buco - maxilo. Ela nos disse, em seguida, que o guardava na bolsa.

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