Frio e chuva são inimigos nº1 dos fins de semana carioca. No Rio de Janeiro, abrir mão de qualquer programa porque as ruas estão molhadas e frias é cultural e os dias de inverno típico ditam o maior point da estação: a própria casa. Com temperaturas mais amenas, os únicos lugares que, de fato, ficam cheios são as videolocadoras. DVD´s e algumas fitas – ente sobreviventes e clássicos que ainda não estão disponíveis na mídia mais moderna – fazem a alegria do carioca acuado pelo frio e pela insegurança que assola a cidade. Assim, os últimos dias foram um festival de filmes, no aconchego do lar.
Muito Almodóvar e seus dramas, muitas mulheres, suas histórias e carrascos, pedófilos e tantos outros personagens habitaram minha casa, o destaque, no entanto, passou longe do brilhante espanhol. Meu oscar foi para o nada inédito mas, tocante e surpreendente “Adorável Julia”, de István Szabó. Aparentemente despretenciosa, a história é uma celebração da maturidade feminina. O exemplo de uma mulher que se refaz, mesmo quando o tempo mostra que o ser é perecível. Por isso, é comovente perceber o quanto a protagonista Annette Bening, que interpreta a atriz Julia Lambert, se entrega às angústias de ter vida pública, sente o peso de “representar” em tempo integral, enxerga em pouquíssimos a possibilidade de trocas mais sinceras e livres de interesses, se ressente do casamento que sustenta e encara – sem medo e sem amor – a aventura e a leveza da relação extra - conjugal. E, melhor ainda é ver o triunfo dessa mesma mulher, quando sublinha o valor sentimental e mais denso das relações que construiu ao longo da vida e enxerga o legado positivo do tempo (!). Se vê sábia, segura e talentosa e reconhece o poder dos elos indissolúveis de densidade e amor, que permeiam as relações afeto, amizade, matrimônio e tantas outras que costurou por toda a vida. Mas, acima de tudo, vê que a plenitude da felicidade depende, exclusivamente, do quanto conseguimos ousar para conquistá-la. Julia abandona a condição passiva – “sou o que o mundo fez de mim” e assume a responsabilidade pelo que é. Consciente do próprio poder e força entende, por fim, que pode se bastar, ser auto-suficiente, completa em sua solidão e feliz.
Muito Almodóvar e seus dramas, muitas mulheres, suas histórias e carrascos, pedófilos e tantos outros personagens habitaram minha casa, o destaque, no entanto, passou longe do brilhante espanhol. Meu oscar foi para o nada inédito mas, tocante e surpreendente “Adorável Julia”, de István Szabó. Aparentemente despretenciosa, a história é uma celebração da maturidade feminina. O exemplo de uma mulher que se refaz, mesmo quando o tempo mostra que o ser é perecível. Por isso, é comovente perceber o quanto a protagonista Annette Bening, que interpreta a atriz Julia Lambert, se entrega às angústias de ter vida pública, sente o peso de “representar” em tempo integral, enxerga em pouquíssimos a possibilidade de trocas mais sinceras e livres de interesses, se ressente do casamento que sustenta e encara – sem medo e sem amor – a aventura e a leveza da relação extra - conjugal. E, melhor ainda é ver o triunfo dessa mesma mulher, quando sublinha o valor sentimental e mais denso das relações que construiu ao longo da vida e enxerga o legado positivo do tempo (!). Se vê sábia, segura e talentosa e reconhece o poder dos elos indissolúveis de densidade e amor, que permeiam as relações afeto, amizade, matrimônio e tantas outras que costurou por toda a vida. Mas, acima de tudo, vê que a plenitude da felicidade depende, exclusivamente, do quanto conseguimos ousar para conquistá-la. Julia abandona a condição passiva – “sou o que o mundo fez de mim” e assume a responsabilidade pelo que é. Consciente do próprio poder e força entende, por fim, que pode se bastar, ser auto-suficiente, completa em sua solidão e feliz.
Um comentário:
Oi Raquel, finalmente fiz uma visita ao seu blog. Na verdade ja havia feito, mas nao tive tempo de ler, hoje sim. Muito bem escrito, meus parabens! Engracado que entro hj e o seu ultimo post eh sobre o filme Being Julia, do famoso diretor hungaro. Engracado soh pela coincidencia de eu estar aqui, mas na verdade nem tanta porque István Szabó eh um diretor reconhecido mundialmente e nesse sentido ja deixou de ser hungaro. Continue escrevendo e eu continuarei vindo conforme o tempo for deixando. Grande beijo, R.
Postar um comentário